Eu entro nesse barco, é só me pedir. Nem precisa de jeito certo, só dizer e eu vou. Faz tempo que quero ingressar nessa viagem, mas pra isso preciso saber se você vai também. Porque sozinha, não vou. Não tem como remar sozinha, eu ficaria girando em torno de mim mesma. Mas olha, eu só entro nesse barco se você prometer remar também! Eu abandono tudo, história, passado, cicatrizes. Mudo o visual, deixo o cabelo crescer, começo a comer direito, vou todo dia pra academia. Mas você tem que prometer que vai remar também, com vontade! Eu começo a ler sobre política, futebol, ficção científica. Aprendo a pescar, se precisar. Mas você tem que remar também. Eu desisto fácil, você sabe.
E talvez essa viagem não dure mais do que alguns minutos, mas eu entro nesse barco, é só me pedir. Perco o medo de dirigir só pra atravessar o mundo pra te ver todo dia. Mas você tem que me prometer que vai remar junto comigo. Mesmo se esse barco estiver furado eu vou, basta me pedir. Mas a gente tem que afundar junto e descobrir que é possível nadar junto. Eu te ensino a nadar, juro! Mas você tem que me prometer que vai tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso, enquanto tiver forças! Você tem que me prometer que essa viagem não vai ser a toa, que vale a pena. Que por você vale a pena. Que por nós vale a pena. Remar. Re-amar. Amar.
(Caio Fernando Abreu)
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
domingo, 2 de janeiro de 2011
Angústia
Ao longo da minha vida por um grande amor aguardei.
Amor pelo qual viveria,
mataria
e morreria.
Ao encontrar essa linda mulher.
Que a meus olhos é perfeita.
Na verdade é uma qualquer.
Mas que morra mulher maldita.
Não me deixa dormir.
Não me deixa comer.
Não me deixa sorrir.
Não me deixa viver.
Seu coração não é meu.
Piedade não é sentimento digno.
De mim tudo perdeu.
Meu Deus tira de mim esse sentimento malígno.
Por André Moreira
Amor pelo qual viveria,
mataria
e morreria.
Ao encontrar essa linda mulher.
Que a meus olhos é perfeita.
Na verdade é uma qualquer.
Mas que morra mulher maldita.
Não me deixa dormir.
Não me deixa comer.
Não me deixa sorrir.
Não me deixa viver.
Seu coração não é meu.
Piedade não é sentimento digno.
De mim tudo perdeu.
Meu Deus tira de mim esse sentimento malígno.
Por André Moreira
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
Tudo Me Faz Lembrar Você
Um fim de semana livre
Sair daqui, sair de mim
Uma tarde pela areia
Tudo me faz lembrar você ...
Descer montanhas
As curvas da estrada
Cenas fortes de paixão e traição
Pelo espelho, a se perder na contramão
Tudo me faz lembrar você ...
Um perfume bom
Propagandas de batom
Fantasias pra usar no carnaval
Desatinos, corpos quentes, vendaval
Tudo me faz lembrar você ...
Sea, Sex and sun
Tudo me faz lembrar você...
Cigarros e lábios, labirintos átonos
Mudanças de tom, refrões de amor
Verdades e segredos
Reflexos e canteiros de girassóis
Se confundem com você o tempo inteiro
E até hoje não houve um só dia
Em que eu não me lembrasse
Daqueles nossos dias
E até hoje não houve um só dia
Em que eu não me lembrasse de você
Sea, Sex and sun
Tudo me faz lembrar você ...
[Jota Quest]
Sair daqui, sair de mim
Uma tarde pela areia
Tudo me faz lembrar você ...
Descer montanhas
As curvas da estrada
Cenas fortes de paixão e traição
Pelo espelho, a se perder na contramão
Tudo me faz lembrar você ...
Um perfume bom
Propagandas de batom
Fantasias pra usar no carnaval
Desatinos, corpos quentes, vendaval
Tudo me faz lembrar você ...
Sea, Sex and sun
Tudo me faz lembrar você...
Cigarros e lábios, labirintos átonos
Mudanças de tom, refrões de amor
Verdades e segredos
Reflexos e canteiros de girassóis
Se confundem com você o tempo inteiro
E até hoje não houve um só dia
Em que eu não me lembrasse
Daqueles nossos dias
E até hoje não houve um só dia
Em que eu não me lembrasse de você
Sea, Sex and sun
Tudo me faz lembrar você ...
[Jota Quest]
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
Marque com X
Durante muito tempo acreditei que o que me fazia amar um homem era a inteligência. Ficava enfeitiçada com citações, elucubrações e teses. Mas não era. De nada adianta um perito em física nuclear, se ele não rir das pequenas besteiras que faz, se não souber aproveitar um sábado quente simplesmente não fazendo nada (e curtindo o ócio), se virar um psicopata quando alguém o fecha no trânsito. Então saquei: bom humor era o que mais me atraía.
Sempre achei delicioso estar com alguém que não vê o mundo como uma grande e monstruosa boca cheia de dentes prestes a mastigá-lo, que vive sem arrastar correntes, faz de tudo uma possível piada. Só que nem tudo é uma piada e, em certas horas, tudo o que quero é alguém que me escute e diga algo que me conforte a alma. E, nesses momentos, o pior que pode acontecer é ser levada na piada - existe uma grande diferença entre alegria de viver e recusa a sair da infância. Pois é, não era bom humor o que me fazia amar alguém: era, antes, sensibilidade.
Telefonemas de bom-dia, atenção a informações aparentemente banais mas que dizem muito a meu respeito, não ficar azedo e arredio por causa das minhas pequenas (ou grandes) oscilações de humor - tudo o que eu podia querer. Quase tudo. Tenho personalidade forte e só sobrevive ao meu lado um homem que grite comigo quando eu passar dos limites do bom senso, demonstre desagrado quando eu exigir demais e oferecer de menos. Preciso ser cuidada, mas tenho que sentir que quem está comigo é um homem de verdade e não um principezinho criado pela avó. Quero ser domada, tomada. Mais uma vez minha certeza caiu por terra: nem inteligência, bom humor ou sensibilidade eram o que me fazia amar alguém. Era - isso, sim - virilidade.
Mal abrir a porta da sala e ser consumida por beijos. Ter a roupa arrancada no caminho da cozinha, ser jogada na mesa de jantar sem tempo pra pensar no que está acontecendo, só sentir e saber o tesão incontido daquele homem por mim. Ser desejada com urgência e paixão é um dos maiores elogios que uma mulher pode receber, mas só ser desejada de nada adianta, pelo menos não depois da décima trepada monumental: quando acaba o suadouro, o que resta? Se pouco importa o saldo, o que interessa mesmo é a movimentação, então estamos feitos. Mas, se existe a possibilidade de ser esmagada pelo vazio de sentido após o orgasmo, de nada vale. Pelo menos se não vier acompanhada de carinho. Taí: pensei, então, que carinho era a pedra fundamental pra despertar meu amor.
Mas logo descobri que não era. Carinho é um sentimento abrangente demais: nos invade desde a visão de um cachorro abandonado até a palavra confortadora para alguém que pouco nos importa mas a quem também não queremos mal. Não bastava, era muito pouco. Daí constatei que o essencial para que eu amasse alguém era notar no outro a vontade de ficar, o desejo de estar comigo. Constatei coisas demais e fiquei paralisada diante do ideal que havia criado: absurdo e fictício.
Hoje sei que toda enumeração é uma estupidez e qualquer tipo de formulário emocional, uma passagem sem escalas pra frustração. Claro que gosto de homens cultos, atenciosos, interessantes, divertidos e viris - seria mentira negar. Mas a verdade é que, para que eu ame alguém, basta que eu ame alguém. Porque, quando se precisa justificar o amor, é porque ele não existe. Simples assim.
Ailin Aleixo
Sempre achei delicioso estar com alguém que não vê o mundo como uma grande e monstruosa boca cheia de dentes prestes a mastigá-lo, que vive sem arrastar correntes, faz de tudo uma possível piada. Só que nem tudo é uma piada e, em certas horas, tudo o que quero é alguém que me escute e diga algo que me conforte a alma. E, nesses momentos, o pior que pode acontecer é ser levada na piada - existe uma grande diferença entre alegria de viver e recusa a sair da infância. Pois é, não era bom humor o que me fazia amar alguém: era, antes, sensibilidade.
Telefonemas de bom-dia, atenção a informações aparentemente banais mas que dizem muito a meu respeito, não ficar azedo e arredio por causa das minhas pequenas (ou grandes) oscilações de humor - tudo o que eu podia querer. Quase tudo. Tenho personalidade forte e só sobrevive ao meu lado um homem que grite comigo quando eu passar dos limites do bom senso, demonstre desagrado quando eu exigir demais e oferecer de menos. Preciso ser cuidada, mas tenho que sentir que quem está comigo é um homem de verdade e não um principezinho criado pela avó. Quero ser domada, tomada. Mais uma vez minha certeza caiu por terra: nem inteligência, bom humor ou sensibilidade eram o que me fazia amar alguém. Era - isso, sim - virilidade.
Mal abrir a porta da sala e ser consumida por beijos. Ter a roupa arrancada no caminho da cozinha, ser jogada na mesa de jantar sem tempo pra pensar no que está acontecendo, só sentir e saber o tesão incontido daquele homem por mim. Ser desejada com urgência e paixão é um dos maiores elogios que uma mulher pode receber, mas só ser desejada de nada adianta, pelo menos não depois da décima trepada monumental: quando acaba o suadouro, o que resta? Se pouco importa o saldo, o que interessa mesmo é a movimentação, então estamos feitos. Mas, se existe a possibilidade de ser esmagada pelo vazio de sentido após o orgasmo, de nada vale. Pelo menos se não vier acompanhada de carinho. Taí: pensei, então, que carinho era a pedra fundamental pra despertar meu amor.
Mas logo descobri que não era. Carinho é um sentimento abrangente demais: nos invade desde a visão de um cachorro abandonado até a palavra confortadora para alguém que pouco nos importa mas a quem também não queremos mal. Não bastava, era muito pouco. Daí constatei que o essencial para que eu amasse alguém era notar no outro a vontade de ficar, o desejo de estar comigo. Constatei coisas demais e fiquei paralisada diante do ideal que havia criado: absurdo e fictício.
Hoje sei que toda enumeração é uma estupidez e qualquer tipo de formulário emocional, uma passagem sem escalas pra frustração. Claro que gosto de homens cultos, atenciosos, interessantes, divertidos e viris - seria mentira negar. Mas a verdade é que, para que eu ame alguém, basta que eu ame alguém. Porque, quando se precisa justificar o amor, é porque ele não existe. Simples assim.
Ailin Aleixo
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Da minha precoce nostalgia - Maria Sanz Martins
Quando eu for bem velhinha, espero receber a graça de, num dia de domingo, me sentar na poltrona da biblioteca e, bebendo um cálice de Porto, dizer a minha neta:
- Querida, venha cá. Feche a porta com cuidado e sente-se aqui ao meu lado. Tenho umas coisas pra te contar.
E assim, dizer apontando o indicador para o alto:
- O nome disso não é conselho, isso se chama corroboração!
Eu vivi, ensinei, aprendi, caí, levantei e cheguei a algumas conclusões.. E agora, do alto dos meus 82 anos, com os ossos frágeis a pele mole e os cabelos brancos, minha alma é o que me resta saudável e forte.
Por isso, vou colocar mais ou menos assim:
É preciso coragem para ser feliz. Seja valente.
Siga sempre seu coração. Para onde ele for, seu sangue, suas veias e seus olhos também irão.
E satisfaça seus desejos. Esse é seu direito e obrigação.
Entenda que o tempo é um paciente professor que irá te fazer crescer, mas escolha entre ser uma grande menina ou uma menina grande, vai depender só de você.
Tenha poucos e bons amigos. Tenha filhos. Tenha um jardim. Aproveite sua casa, mas vá a Fernando de Noronha, a Barcelona e a Austrália.
Cuide bem dos seus dentes.
Experimente, mude, corte os cabelos. Ame. Ame pra valer, mesmo que ele seja o carteiro.
Não corra o risco de envelhecer dizendo "ah, se eu tivesse feito..."
Tenha uma vida rica de vida.
Vai que o carteiro ganha na loteria - tudo é possível, e o futuro é imprevisível.
Viva romances de cinema, contos de fada e casos de novela.
Faça sexo, mas não sinta vergonha de preferir fazer amor.
E tome conta sempre da sua reputação, ela é um bem inestimável. Porque, sim, as pessoas comentam, reparam, e se você der chance elas inventam também detalhes desnecessários.
Se for se casar, faça por amor. Não faça por segurança, carinho ou status.
A sabedoria convencional recomenda que você se case com alguém parecido com você, mas isso pode ser um saco!
Prefira a recomendação da natureza, que, com a justificativa de aperfeiçoar os genes na reprodução, sugere que você procure alguém diferente de você. Mas para ter sucesso nessa questão, acredite no olfato e desconfie da visão. É o seu nariz quem diz a verdade quando o assunto é paixão.
Faça do fogão, do pente, da caneta, do papel e do armário, seus instrumentos de criação.
Leia, pinte, desenhe, escreva. E por favor, dance, dance, dance até o fim, se não por você, o faça por mim.
Compreenda seus pais. Eles te amam para além da sua imaginação, sempre fizeram o melhor que puderam, e sempre farão.
Cultive os amigos. Eles são a natureza ao nosso favor e uma das formas mais raras de amor.
Não cultive as mágoas - porque se tem uma coisa que eu aprendi nessa vida é que um único pontinho preto num oceano branco deixa tudo cinza.
Era só isso minha querida. Agora é a sua vez. Por favor, encha mais uma vez minha taça e me conte: como vai você?
- Querida, venha cá. Feche a porta com cuidado e sente-se aqui ao meu lado. Tenho umas coisas pra te contar.
E assim, dizer apontando o indicador para o alto:
- O nome disso não é conselho, isso se chama corroboração!
Eu vivi, ensinei, aprendi, caí, levantei e cheguei a algumas conclusões.. E agora, do alto dos meus 82 anos, com os ossos frágeis a pele mole e os cabelos brancos, minha alma é o que me resta saudável e forte.
Por isso, vou colocar mais ou menos assim:
É preciso coragem para ser feliz. Seja valente.
Siga sempre seu coração. Para onde ele for, seu sangue, suas veias e seus olhos também irão.
E satisfaça seus desejos. Esse é seu direito e obrigação.
Entenda que o tempo é um paciente professor que irá te fazer crescer, mas escolha entre ser uma grande menina ou uma menina grande, vai depender só de você.
Tenha poucos e bons amigos. Tenha filhos. Tenha um jardim. Aproveite sua casa, mas vá a Fernando de Noronha, a Barcelona e a Austrália.
Cuide bem dos seus dentes.
Experimente, mude, corte os cabelos. Ame. Ame pra valer, mesmo que ele seja o carteiro.
Não corra o risco de envelhecer dizendo "ah, se eu tivesse feito..."
Tenha uma vida rica de vida.
Vai que o carteiro ganha na loteria - tudo é possível, e o futuro é imprevisível.
Viva romances de cinema, contos de fada e casos de novela.
Faça sexo, mas não sinta vergonha de preferir fazer amor.
E tome conta sempre da sua reputação, ela é um bem inestimável. Porque, sim, as pessoas comentam, reparam, e se você der chance elas inventam também detalhes desnecessários.
Se for se casar, faça por amor. Não faça por segurança, carinho ou status.
A sabedoria convencional recomenda que você se case com alguém parecido com você, mas isso pode ser um saco!
Prefira a recomendação da natureza, que, com a justificativa de aperfeiçoar os genes na reprodução, sugere que você procure alguém diferente de você. Mas para ter sucesso nessa questão, acredite no olfato e desconfie da visão. É o seu nariz quem diz a verdade quando o assunto é paixão.
Faça do fogão, do pente, da caneta, do papel e do armário, seus instrumentos de criação.
Leia, pinte, desenhe, escreva. E por favor, dance, dance, dance até o fim, se não por você, o faça por mim.
Compreenda seus pais. Eles te amam para além da sua imaginação, sempre fizeram o melhor que puderam, e sempre farão.
Cultive os amigos. Eles são a natureza ao nosso favor e uma das formas mais raras de amor.
Não cultive as mágoas - porque se tem uma coisa que eu aprendi nessa vida é que um único pontinho preto num oceano branco deixa tudo cinza.
Era só isso minha querida. Agora é a sua vez. Por favor, encha mais uma vez minha taça e me conte: como vai você?
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
O que você deixou passar
Aquela festa que você deixou de ir porque estava com sono, aquela mesma. Lá estava os amigos que você deixou de fazer, as oportunidades que você deixou passar, uma partezinha da sua vida que você perdeu. Aquela aula do último período que você deixou de matar, aquele café que você deixou de ir tomar com sua amiga de anos, aquele sushi que você negou porque “mal conhecia ele!”. Acorde. A vida passa, as pessoas passam, você passa. Não quer deixar suas marcas?
A vida muda quando você deixa de ir para a direita e vai para a esquerda. E se você tivesse mudado o curso? Desistido do caminho? Voltado para casa? E se? Você nunca saberá. Mas uma coisa é certa: Nunca deixe passar oportunidades. Você sente quando elas existem, no fundo você sempre soube.
Acordar sozinha é melhor do que acordar mal acompanhada? Se é pra sair com frio é melhor ficar em casa? Se é pra ir em algum lugar sem ele, você prefere não ir? Nada sem ele tem graça? REALMENTE, mude de vida. Ou melhor, mude de nome – porque isso é muito constrangedor. Sua vida social se resume em encontros com seu namorado e 1 vez por mês com suas amigas? Você é solteira e vai pra balada 3 vezes ao ano? Não quer conhecer ninguém diferente dos seus parâmetros porque você esta esperando o príncipe encantado? Lamentável.
Com isso você deixa passar pessoas interessantes, amigos inseparáveis, experiências, histórias, risos, tombos, conversas sinceras na madrugada, abraços honestos, confissões, vodka e pizza fria de café da manhã, banhos de mar a luz da lua, beijos descompromissados e inesquecíveis. A vida não precisa de um contrato, a vida não precisa ser toda feita de planos e projetos. Não tenha somente planos, tenha histórias. Tenha vida. Tenha emoção.
Olhe para trás. O que você carrega? Se você morresse hoje a vida teria realmente valido a pena? Não? Corra!! Seu caminho tem que ser cheio de perdas, de promessas quebradas, de erros, de fracassos, de micos. As coisas não vão ser perfeitas, não devem ser perfeitas. Perfeitos devem ser os momentos em que perdemos o fôlego, o salto, a dignidade, e a carteira de motorista. Perder para ganhar. Viver para sentir. Ser para ter.
A vida muda quando você deixa de ir para a direita e vai para a esquerda. E se você tivesse mudado o curso? Desistido do caminho? Voltado para casa? E se? Você nunca saberá. Mas uma coisa é certa: Nunca deixe passar oportunidades. Você sente quando elas existem, no fundo você sempre soube.
Acordar sozinha é melhor do que acordar mal acompanhada? Se é pra sair com frio é melhor ficar em casa? Se é pra ir em algum lugar sem ele, você prefere não ir? Nada sem ele tem graça? REALMENTE, mude de vida. Ou melhor, mude de nome – porque isso é muito constrangedor. Sua vida social se resume em encontros com seu namorado e 1 vez por mês com suas amigas? Você é solteira e vai pra balada 3 vezes ao ano? Não quer conhecer ninguém diferente dos seus parâmetros porque você esta esperando o príncipe encantado? Lamentável.
Com isso você deixa passar pessoas interessantes, amigos inseparáveis, experiências, histórias, risos, tombos, conversas sinceras na madrugada, abraços honestos, confissões, vodka e pizza fria de café da manhã, banhos de mar a luz da lua, beijos descompromissados e inesquecíveis. A vida não precisa de um contrato, a vida não precisa ser toda feita de planos e projetos. Não tenha somente planos, tenha histórias. Tenha vida. Tenha emoção.
Olhe para trás. O que você carrega? Se você morresse hoje a vida teria realmente valido a pena? Não? Corra!! Seu caminho tem que ser cheio de perdas, de promessas quebradas, de erros, de fracassos, de micos. As coisas não vão ser perfeitas, não devem ser perfeitas. Perfeitos devem ser os momentos em que perdemos o fôlego, o salto, a dignidade, e a carteira de motorista. Perder para ganhar. Viver para sentir. Ser para ter.
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
A manhã seguinte sempre chega
"Quer queira, quer não, nossa presença é sempre uma promessa muda. Descia eu na frente pela escada de incêndio com duas mãos pequenas nos ombros e um hálito feliz me abraçando. A luz pifa de assalto, eu paro, você tromba em mim e ri forte. Como você quer descer escadas sem enxergar? - "Caminho em qualquer escuridão com seus ombros por perto, confio que você não vai me deixar cair". Tão perigosas metáforas, quanto seus beijos acidulantes de morango.
É bonito de se ver. A gente hoje se respira, se envolve feito leite e café, corremos na direção do outro sem medo de atravessar-se numa colisão violenta onde nenhum de nós desafia evitar. Eu quero me tornar no que te agrada, fazê-la de meu vento, e você me questiona sobre cores, filmes, texturas, lugares, cantores latinos, tamanhos, ritmos e sabores favoritos de pipoca.
O cinema espera, mal conseguimos vencer o trecho da rua, usamos o máximo de tempo cruzando uma distância percorrível em segundos, nos abraçando, trocando afagos, indo um contra o outro. Perto de seus olhos, eu vejo, parece, eu sinto, sou você. E você é eu. E esse querer é uma noite apaixonada de sexo com um dia seguinte, onde cada qual toma seu rumo. No melhor estilo Milan Kundera, nos amaremos para todo o sempre, até que uma manhã dessas, seja a seguinte.
Ninguém pode se apaixonar a não ser que se sinta solitário. É a desolação que inspira o calor. O amor vem do quente "que sorriso bonito" que você me disse. Já escutei a frase incontáveis vezes, realmente várias, mas nunca soprando tão açucarada. Nunca dita bem no meio do sorriso, ecoando a rua, me olhando e rebatendo um melhor ainda. Sorriso com os olhos, de quem gosta, de gente alegre. Como um jardim residencial de girassóis, um sorriso pra onde sempre quero voltar.
Assim como todo romance verdadeiro, construído sem perceber, a manhã seguinte ainda vai desanuviar, metaforicamente, amanhecendo a cada novo "alô, quem fala?", a cada palavra não dita, a cada pensamento reprisado, cada dia mais frio, como se entrássemos na cena derradeira sem nem perceber que era um filme, posto que é chama, nos fazendo presas fáceis do sofrimento, da decepção. Não adianta, vou desapontá-la. Um dia, vou deixar você cair. E você também vai. É assim.
Vamos espernear, trocar acusações, fungar, cobrar pelas promessas mudas com juros e correção, mas entender que todo amado é livre, se locomove nos próprios tornozelos e ombros sob um céu de baunilha. Por mais dentro um do outro que estejamos hoje, voltaremos a nos comunicar com a solidão. A música do John Mayer acaba, um chora água e o outro chora óleo, a manhã seguinte sempre chega.
Fatalmente vou despedir-me com beijo de olhos abertos e trabalhar ao leste, você dará um tchau com a boca meio torta de cansaço com hora marcada no sul. Zero a zero. Por mais que você tenha feito de tudo pelo amor, ele nunca deve nada para você. Dois anos, um mês, treze dias? Não sei, mas faria tudo outra vez: busca, encontro, carinhos, janta, solidão, partida, abraço e manhãs. Seguinte."
Gabito Nunes
É bonito de se ver. A gente hoje se respira, se envolve feito leite e café, corremos na direção do outro sem medo de atravessar-se numa colisão violenta onde nenhum de nós desafia evitar. Eu quero me tornar no que te agrada, fazê-la de meu vento, e você me questiona sobre cores, filmes, texturas, lugares, cantores latinos, tamanhos, ritmos e sabores favoritos de pipoca.
O cinema espera, mal conseguimos vencer o trecho da rua, usamos o máximo de tempo cruzando uma distância percorrível em segundos, nos abraçando, trocando afagos, indo um contra o outro. Perto de seus olhos, eu vejo, parece, eu sinto, sou você. E você é eu. E esse querer é uma noite apaixonada de sexo com um dia seguinte, onde cada qual toma seu rumo. No melhor estilo Milan Kundera, nos amaremos para todo o sempre, até que uma manhã dessas, seja a seguinte.
Ninguém pode se apaixonar a não ser que se sinta solitário. É a desolação que inspira o calor. O amor vem do quente "que sorriso bonito" que você me disse. Já escutei a frase incontáveis vezes, realmente várias, mas nunca soprando tão açucarada. Nunca dita bem no meio do sorriso, ecoando a rua, me olhando e rebatendo um melhor ainda. Sorriso com os olhos, de quem gosta, de gente alegre. Como um jardim residencial de girassóis, um sorriso pra onde sempre quero voltar.
Assim como todo romance verdadeiro, construído sem perceber, a manhã seguinte ainda vai desanuviar, metaforicamente, amanhecendo a cada novo "alô, quem fala?", a cada palavra não dita, a cada pensamento reprisado, cada dia mais frio, como se entrássemos na cena derradeira sem nem perceber que era um filme, posto que é chama, nos fazendo presas fáceis do sofrimento, da decepção. Não adianta, vou desapontá-la. Um dia, vou deixar você cair. E você também vai. É assim.
Vamos espernear, trocar acusações, fungar, cobrar pelas promessas mudas com juros e correção, mas entender que todo amado é livre, se locomove nos próprios tornozelos e ombros sob um céu de baunilha. Por mais dentro um do outro que estejamos hoje, voltaremos a nos comunicar com a solidão. A música do John Mayer acaba, um chora água e o outro chora óleo, a manhã seguinte sempre chega.
Fatalmente vou despedir-me com beijo de olhos abertos e trabalhar ao leste, você dará um tchau com a boca meio torta de cansaço com hora marcada no sul. Zero a zero. Por mais que você tenha feito de tudo pelo amor, ele nunca deve nada para você. Dois anos, um mês, treze dias? Não sei, mas faria tudo outra vez: busca, encontro, carinhos, janta, solidão, partida, abraço e manhãs. Seguinte."
Gabito Nunes
Assinar:
Postagens (Atom)